O iptables trabalha com uma tabela de regras que é analisada uma a uma até que a última seja processada. Por padrão, se uma regra tiver qualquer erro, uma mensagem será mostrada e ela descartada. O pacote não conferirá e a ação final (se ele vai ser aceito ou rejeitado) dependerá das regras seguintes.
As opções passadas ao iptables usadas para manipular os chains são SEMPRE em maiúsculas. As seguintes operações podem ser realizadas:
Como exemplo vamos criar uma regra que bloqueia o acesso a nosso própria máquina (127.0.0.1 - loopback). Primeiro daremos um ping para verificar seu funcionamento:
#ping 127.0.0.1 PING 127.0.0.1 (127.0.0.1): 56 data bytes 64 bytes from 127.0.0.1: icmp_seq=0 ttl=255 time=0.6 ms 64 bytes from 127.0.0.1: icmp_seq=1 ttl=255 time=0.5 ms --- 127.0.0.1 ping statistics --- 2 packets transmitted, 2 packets received, 0% packet loss round-trip min/avg/max = 0.5/0.5/0.6 ms
Ok, a máquina responde, agora vamos incluir uma regra no chain INPUT (-A INPUT) que bloqueie (-j DROP) qualquer acesso indo ao endereço 127.0.0.1 (-d 127.0.0.1):
iptables -t filter -A INPUT -d 127.0.0.1 -j DROP
Agora verificamos um novo ping:
#ping 127.0.0.1 PING 127.0.0.1 (127.0.0.1): 56 data bytes --- 127.0.0.1 ping statistics --- 2 packets transmitted, 0 packets received, 100% packet loss
Desta vez a máquina 127.0.0.1 não respondeu, pois todos os pacotes com o
destino 127.0.0.1 (-d 127.0.0.1) são rejeitados (-j DROP). A opção
-A é usada para adicionar novas regras no final do chain.
Além de -j DROP que serve para rejeitar os pacotes,
podemos também usar -j ACCEPT para aceitar pacotes. A
opção -j
é chamada de alvo da regra ou
somente alvo pois define o destino do pacote que atravessa
a regra (veja “Especificando um alvo”). Bem vindo a base de
um sistema de firewall :-)
OBS1: - O acesso a interface loopback não deve ser de forma alguma bloqueado, pois muitos aplicativos utilizam soquetes tcp para realizarem conexões, mesmo que você não possua uma rede interna.
OBS2: - A tabela filter
será usada como padrão caso nenhuma tabela seja especificada através da opção
-t
.
A seguinte sintaxe é usada para listar as regras criadas:
iptables [-t tabela] -L
[chain] [opções]
Onde:
É uma das tabelas usadas pelo iptables. Se a tabela não for especificada, a tabela filter será usada como padrão. Veja “O que são tabelas?” para detalhes.
Um dos chains disponíveis na tabela acima (veja “O que são tabelas?”) ou criado pelo usuário (“Criando um novo chain - N”). Caso o chain não seja especificado, todos os chains da tabela serão mostrados.
As seguintes opções podem ser usadas para listar o conteúdo de chains:
-v
- Exibe mais detalhes sobre as regras criadas nos chains.
-n
- Exibe endereços de máquinas/portas como números ao
invés de tentar a resolução DNS e consulta ao
/etc/services
. A resolução de nomes pode tomar muito
tempo dependendo da quantidade de regras que suas tabelas possuem e velocidade
de sua conexão.
-x
- Exibe números exatos ao invés de números redondos.
Também mostra a faixa de portas de uma regra de firewall.
--line-numbers
- Exibe o número da posição da regra na
primeira coluna da listagem.
Para listar a regra criada anteriormente usamos o comando:
#iptables -t filter -L INPUT Chain INPUT (policy ACCEPT) target prot opt source destination DROP all -- anywhere localhost
O comando iptables -L INPUT -n
tem o mesmo efeito, a
diferença é que são mostrados números ao invés de nomes:
#iptables -L INPUT -n Chain INPUT (policy ACCEPT) target prot opt source destination DROP all -- 0.0.0.0/0 127.0.0.1 #iptables -L INPUT -n --line-numbers Chain INPUT (policy ACCEPT) num target prot opt source destination 1 DROP all -- 0.0.0.0/0 127.0.0.1 #iptables -L INPUT -n -v Chain INPUT (policy ACCEPT 78 packets, 5820 bytes) pkts bytes target prot opt in out source destination 2 194 DROP icmp -- * * 0.0.0.0/0 127.0.0.1
Os campos assim possuem o seguinte significado:
Nome do chain listado
política padrão do chain (veja “Especificando a política padrão de um chain - P”).
Quantidade de pacotes que atravessaram a regra (veja “Zerando contador de bytes dos chains - Z”).
Quantidade de bytes que atravessaram a regra. Pode ser referenciado com K (Kilobytes), M (Megabytes), G (Gigabytes).
O alvo da regra, o destino do pacote. Pode ser ACCEPT, DROP ou outro chain. Veja “Especificando um alvo” para detalhes sobre a especificação de um alvo.
Protocolo especificado pela regra. Pode ser udp, tcp, icmp ou all. Veja “Especificando um protocolo” para detalhes.
Opções extras passadas a regra. Normalmente "!" (veja “Especificando uma exceção”) ou "f" (veja “Especificando fragmentos”).
Interface de entrada (de onde os dados chegam). Veja “Especificando a interface de origem/destino”.
Interface de saída (para onde os dados vão). Veja “Especificando a interface de origem/destino”.
Endereço de origem. Veja “Especificando um endereço de origem/destino”.
Endereço de destino. Veja “Especificando um endereço de origem/destino”.
Estas opções normalmente aparecem quando são usadas a opção -x:
dpt ou dpts
- Especifica a porta ou faixa de portas de
destino.
reject-with icmp-port-unreachable
- Significa que foi usado
o alvo REJECT naquela regra (veja “Alvo REJECT”).
Para apagar um chain, existem duas alternativas:
Quando sabemos qual é o número da regra no chain (listado com a opção
-L
) podemos referenciar o número diretamente. Por exemplo,
para apagar a regra criada acima:
iptables -t filter -D INPUT 1
Esta opção não é boa quando temos um firewall complexo com um grande número de regras por chains, neste caso a segunda opção é a mais apropriada.
Usamos a mesma sintaxe para criar a regra no chain, mas trocamos
-A
por -D
:
iptables -t filter -D INPUT -d 127.0.0.1 -j DROP
Então a regra correspondentes no chain INPUT será automaticamente apagada (confira listando o chain com a opção "-L"). Caso o chain possua várias regras semelhantes, somente a primeira será apagada.
OBS: Não é possível apagar os chains defaults do iptables (INPUT, OUTPUT...).
Precisamos que o tráfego vindo de 192.168.1.15
não seja
rejeitado pelo nosso firewall. Não podemos adicionar uma nova regra (-A) pois
esta seria incluída no final do chain e o tráfego seria rejeitado pela primeira
regra (nunca atingindo a segunda). A solução é inserir a nova regra antes da
regra que bloqueia todo o tráfego ao endereço 127.0.0.1
na
posição 1:
iptables -t filter -I INPUT 1 -s 192.168.1.15 -d 127.0.0.1 -j
ACCEPT
Após este comando, temos a regra inserida na primeira posição do chain (repare no número 1 após INPUT) e a antiga regra número 1 passa a ser a número 2. Desta forma a regra acima será consultada, se a máquina de origem for 192.168.1.15 então o tráfego estará garantido, caso contrário o tráfego com o destino 127.0.0.1 será bloqueado na regra seguinte.
Após criar nossa regra, percebemos que a nossa intenção era somente bloquear os
pings com o destino 127.0.0.1
(pacotes ICMP) e não havia
necessidade de bloquear todo o tráfego da máquina. Existem duas alternativas:
apagar a regra e inserir uma nova no lugar ou modificar diretamente a regra já
criada sem afetar outras regras existentes e mantendo a sua ordem no chain
(isso é muito importante). Use o seguinte comando:
iptables -R INPUT 2 -d 127.0.0.1 -p icmp -j DROP
O número 2
é o número da regra que será substituída no chain
INPUT, e deve ser especificado. O comando acima substituirá a regra 2 do chain
INPUT (-R INPUT 2) bloqueando (-j DROP) qualquer pacote icmp (-p icmp) com o
destino 127.0.0.1
(-d 127.0.0.1).
Em firewalls organizados com um grande número de regras, é interessante criar chains individuais para organizar regras de um mesmo tipo ou que tenha por objetivo analisar um tráfego de uma mesma categoria (interface, endereço de origem, destino, protocolo, etc) pois podem consumir muitas linhas e tornar o gerenciamento do firewall confuso (e conseqüentemente causar sérios riscos de segurança). O tamanho máximo de um nome de chain é de 31 caracteres e podem conter tanto letras maiúsculas quanto minúsculas.
iptables [-t tabela] [-N
novochain]
Para criar o chain internet (que pode ser usado para agrupar as regras de internet) usamos o seguinte comando:
iptables -t filter -N internet
Para inserir regras no chain internet basta especifica-lo após a opção -A:
iptables -t filter -A internet -s 200.200.200.200 -j DROP
E então criamos um pulo (-j) do chain INPUT para o chain internet:
iptables -t filter -A INPUT -j internet
OBS: O chain criando pelo usuário pode ter seu nome tanto em maiúsculas como minúsculas.
Se uma máquina do endereço 200.200.200.200 tentar acessar sua máquina, o iptables consultará as seguintes regras:
`INPUT' `internet' ---------------------------- ----------------------------- | Regra1: -s 192.168.1.15 | | Regra1: -s 200.200.200.200| |--------------------------| |---------------------------| | Regra2: -s 192.168.1.1 | | Regra2: -d 192.168.1.1 | |--------------------------| ----------------------------- | Regra3: -j DROP | ---------------------------- O pacote tem o endereço de origem 200.200.200.200, ele passa pela primeira e segunda regras do chain INPUT, a terceira regra direciona para o chain internet _______________________________________ v / v /-------------------------|-\ / /-------------------------------------|-\ | Regra1: -s 192.168.1.15 | | / | Regra1: -s 200.200.200.200 -j DROP \_____\ |-------------------------|-| / |---------------------------------------| / | Regra2: -s 192.168.1.1 | | / | Regra2: -d 200.200.200.202 -j DROP | |-------------------------|-|/ \---------------------------------------/ | Regra3: -j internet /| |---------------------------| No chain internet, a primeira regra confere | Regra4: -j DROP | com o endereço de origem 200.200.200.200 e \---------------------------/ o pacote é bloqueado. Se uma máquina com o endereço de origem 200.200.200.201 tentar acessar a máquina, então as regra consultadas serão as seguintes: O pacote tem o endereço de origem 200.200.200.201, ele passa pela primeira e segunda regras do chain INPUT, a terceira regra direciona para o chain internet ______________________________________ v / v /-------------------------|-\ / /-------------------------------------|-\ | Regra1: -s 192.168.1.15 | | / | Regra1: -s 200.200.200.200 -j DROP | | |-------------------------|-| / |-------------------------------------|-| | Regra2: -s 192.168.1.1 | | / | Regra2: -s 200.200.200.202 -j DROP | | |-------------------------|-|/ \-------------------------------------|-/ | Regra3: -j internet /| v |---------------------------| / | Regra4: -j DROP --+------------------------------------------- \------------------------/-/ O pacote passa pelas regras 1 e 2 do chain | internet, como ele não confere com nenhuma v das 2 regras ele retorna ao chain INPUT e é Esta regra é a número 4 analisado pela regra seguinte. que diz para rejeitar o pacote.
Se por algum motivo precisar renomear um chain criado por você na tabela filter, nat ou mangle, isto poderá ser feito usando a opção -E do iptables:
iptables -t filter -E chain-antigo novo-chain
Note que não é possível renomear os chains defaults do iptables.
Use o comando cat /proc/net/ip_tables_names
para fazer isto.
É interessante dar uma olhada nos arquivos dentro do diretório
/proc/net
, pois os arquivos existentes podem lhe
interessar para outras finalidades.
Para limpar todas as regras de um chain, use a seguinte sintaxe:
iptables [-t tabela] [-F
chain]
Onde:
Tabela que contém o chain que desejamos zerar.
Chain que desejamos limpar. Caso um chain não seja especificado, todos os chains da tabela serão limpos.
iptables -t filter -F INPUT iptables -t filter -F
Para apagarmos um chain criado pelo usuário, usamos a seguinte sintaxe:
iptables [-t tabela] [-X
chain]
Onde:
Nome da tabela que contém o chain que desejamos excluir.
Nome do chain que desejamos apagar. Caso não seja especificado, todos os chains definidos pelo usuário na tabela especificada serão excluídos.
OBS: - Chains embutidos nas tabelas não podem ser apagados pelo usuário. Veja os nomes destes chains em “O que são tabelas?”.
iptables -t filter -X internet iptables -X
Este comando zera o campo pkts e bytes de uma regra do iptables. Estes campos podem ser visualizados com o comando iptables -L -v. A seguinte sintaxe é usada:
iptables [-t tabela] [-Z
chain] [-L]
Onde:
Nome da tabela que contém o chain que queremos zerar os contadores de bytes e pacotes.
Chain que deve ter os contadores zerados. Caso não seja especificado, todos os chains da tabela terão os contadores zerados. Note que as opções -Z e -L podem ser usadas juntas, assim o chain será listado e imediatamente zerado. Isto evita a passagem de pacotes durante a listagem de um chain.
iptables -t filter -Z INPUT
A política padrão determina o que acontecerá com um pacote quando ele chegar ao final das regras contidas em um chain. A política padrão do iptables é "ACCEPT" mas isto pode ser alterado com o comando:
iptables [-t tabela] [-P
chain] [ACCEPT/DROP]
Onde:
Tabela que contém o chain que desejamos modificar a política padrão.
Define o chain que terá a política modificada. O chain deve ser especificado.
ACCEPT aceita os pacotes caso nenhuma regra do chain conferir (usado em regras permissivas). DROP rejeita os pacotes caso nenhuma regra do chain conferir (usado em regras restritivas).
A política padrão de um chain é mostrada com o comando iptables -L:
# iptables -L INPUT Chain INPUT (policy ACCEPT) target prot opt source destination DROP icmp -- anywhere localhost
No exemplo acima, a política padrão de INPUT é ACCEPT (policy ACCEPT), o que significa que qualquer pacote que não seja rejeitado pela regra do chain, será aceito. Para alterar a política padrão deste chain usamos o comando:
iptables -t filter -P INPUT DROP
NOTA: As políticas de acesso PERMISSIVASS (ACCEPT) normalmente são usadas em conjunto com regras restritivas no chain correspondentes (tudo é bloqueado e o que sobrar é liberado) e políticas RESTRITIVAS (DROP) são usadas em conjunto com regras permissivas no chain correspondente (tudo é liberado e o que sobrar é bloqueado pela política padrão).
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