Outras opções do iptables

Especificando um endereço de origem/destino

As opções -s (ou --src/--source)e -d (ou --dst/--destination) servem para especificar endereços de origem e destino respectivamente. É permitido usar um endereço IP completo (como 192.168.1.1), um hostname (debian), um endereço fqdn (www.debian.org) ou um par rede/máscara (como 200.200.200.0/255.255.255.0 ou 200.200.200.0/24).

Caso um endereço/máscara não sejam especificados, é assumido 0/0 como padrão (todos as máquinas de todas as redes). A interpretação dos endereços de origem/destino dependem do chain que está sendo especificado (como INPUT e OUTPUT por exemplo).

OBS: Caso seja especificado um endereço fqdn e este resolver mais de um endereço IP, serão criadas várias regras, cada uma se aplicando a este endereço IP específico. É recomendável sempre que possível a especificação de endereços IP's nas regras, pois além de serem muito rápidos (pois não precisar de resolução DNS) são mais seguros para evitar que nosso firewall seja enganado por um ataque de IP spoofing.

# Bloqueia o tráfego vindo da rede 200.200.200.*:
 iptables -A INPUT -s 200.200.200.0/24 -j DROP

# Bloqueia conexões com o destino 10.1.2.3:
iptables -A OUTPUT -d 10.1.2.3 -j DROP

# Bloqueia o tráfego da máquina www.dominio.teste.org a rede 210.21.1.3
# nossa máquina possui o endereço 210.21.1.3
iptables -A INPUT -s www.dominio.teste.org -d 210.21.1.3 -j DROP

Especificando a interface de origem/destino

As opções -i (ou --in-interface) e -o (ou --out-interface) especificam as interfaces de origem/destino de pacotes. Nem todos as chains aceitam as interfaces de origem/destino simultaneamente, a interface de entrada (-i) nunca poderá ser especificada em um chain OUTPUT e a interface de saída (-o) nunca poderá ser especificada em um chain INPUT. Abaixo uma rápida referência:


          +---------------------+--------------------------------+
  TABELA  |      CHAIN          |            INTERFACE           |
          |                     +----------------+---------------+
          |                     |  ENTRADA (-i)  |    SAÍDA (-o) |
+---------+---------------------+----------------+---------------+
|         |  INPUT              |      SIM       |      NÃO      |
| filter  |  OUTPUT             |      NÃO       |      SIM      |
|         |  FORWARD            |      SIM       |      SIM      |
+---------+---------------------+----------------+---------------+
|         | PREROUTING          |      SIM       |      NÃO      |
| nat     | OUTPUT              |      NÃO       |      SIM      |
|         | POSTROUTING         |      NÃO       |      SIM      |
+---------+---------------------+----------------+---------------+
|         | PREROUTING          |      SIM       |      NÃO      |
| mangle  |                     |                |               |
|         | OUTPUT              |      NÃO       |      SIM      |
+---------+---------------------+----------------+---------------+

O caminho do pacote na interface será determinado pelo tipo da interface e pela posição dos chains nas etapas de seu roteamento. O chain OUTPUT da tabela filter somente poderá conter a interface de saída (veja a tabela acima). O chain FORWARD da tabela filter é o único que aceita a especificação de ambas as interfaces, este é um ótimo chain para controlar o tráfego que passa entre interfaces do firewall.

Por exemplo para bloquear o acesso do tráfego de qualquer máquina com o endereço 200.123.123.10 vinda da interface ppp0 (uma placa de fax-modem):

iptables -A INPUT -s 200.123.123.10 -i ppp0 -j DROP

A mesma regra pode ser especificada como

iptables -A INPUT -s 200.123.123.10 -i ppp+ -j DROP

O sinal de "+" funciona como um coringa, assim a regra terá efeito em qualquer interface de ppp0 a ppp9. As interfaces ativas no momento podem ser listadas com o comando ifconfig, mas é permitido especificar uma regra que faz referência a uma interface que ainda não existe, isto é interessante para conexões intermitentes como o PPP. Para bloquear qualquer tráfego local para a Internet:

iptables -A OUTPUT -o ppp+ -j DROP

Para bloquear a passagem de tráfego da interface ppp0 para a interface eth1 (de uma de nossas redes internas):

iptables -A FORWARD -i ppp0 -o eth1 -j DROP

Especificando um protocolo

A opção -p (ou --protocol) é usada para especificar protocolos no iptables. Podem ser especificados os protocolos tcp, udp e icmp. Por exemplo, para rejeitar todos os pacotes UDP vindos de 200.200.200.200:

 iptables -A INPUT -s 200.200.200.200 -p udp -j DROP

OBS1: Tanto faz especificar os nomes de protocolos em maiúsculas ou minúsculas.

Especificando portas de origem/destino

As portas de origem/destino devem ser especificadas após o protocolo e podem ser precedidas por uma das seguintes opções:

  • --source-port ou --sport - Especifica uma porta ou faixa de portas de origem.

  • --destination-port ou --dport - Especifica uma porta ou faixa de portas de destino.

Uma faixa de portas pode ser especificada através de PortaOrigem:PortaDestino:

# Bloqueia qualquer pacote indo para 200.200.200.200 na faixa de 
# portas 0 a 1023
iptables -A OUTPUT -d 200.200.200.200 -p tcp --dport :1023 -j DROP

Caso a PortaOrigem de uma faixa de portas não seja especificada, 0 é assumida como padrão, caso a Porta Destino não seja especificada, 65535 é assumida como padrão. Caso precise especificar diversas regras que envolvam o tratamento de portas diferentes, recomendo da uma olhada em “Especificando múltiplas portas de origem/destino”, antes de criar um grande número de regras.

Especificando mensagens do protocolo ICMP

O protocolo ICMP não possui portas, mas é possível fazer um controle maior sobre o tráfego ICMP que entra/sai da rede através da especificação dos tipos de mensagens ICMP. Os tipos de mensagens devem ser especificados com a opção "--icmp-type CódigoICMP" logo após a especificação do protocolo icmp:

iptables -A INPUT -s 200.123.123.10 -p icmp --icmp-type time-exceeded -i ppp+ -j DROP

A regra acima rejeitará mensagens ICMP do tipo "time-exceeded" (tempo de requisição excedido) que venham do endereço 200.123.123.10 através da interface ppp+.

Alguns tipos de mensagens ICMP são classificados por categoria (como o próprio "time-exceeded"), caso a categoria "time-exceeded" seja especificada, todas as mensagens daquela categoria (como "ttl-zero-during-transit", "ttl-zero-during-reassembly") conferirão na regra especificada.Os tipos de mensagens ICMP podem ser obtidos com o comando iptables -p icmp -h:

echo-reply (pong)
destination-unreachable
   network-unreachable
   host-unreachable
   protocol-unreachable
   port-unreachable
   fragmentation-needed
   source-route-failed
   network-unknown
   host-unknown
   network-prohibited
   host-prohibited
   TOS-network-unreachable
   TOS-host-unreachable
   communication-prohibited
   host-precedence-violation
   precedence-cutoff
source-quench
redirect
   network-redirect
   host-redirect
   TOS-network-redirect
   TOS-host-redirect
echo-request (ping)
router-advertisement
router-solicitation
time-exceeded (ttl-exceeded)
   ttl-zero-during-transit
   ttl-zero-during-reassembly
parameter-problem
   ip-header-bad
   required-option-missing
timestamp-request
timestamp-reply
address-mask-request
address-mask-reply

OBS1: Não bloqueie mensagens do tipo "host-unreachable" e "source-quench", pois terá sérios problemas no controle de suas conexões. A primeira diz que o destino está inalcançavel e a segunda que o host está sobrecarregado, assim os pacotes devem ser enviados mais lentamente.

Especificando pacotes syn

Pacotes syn são usados para iniciarem uma conexão, o uso da opção --syn serve para especificar estes tipos de pacotes. Desta maneira é possível bloquear somente os pacotes que iniciam uma conexão, sem afetar os pacotes restantes. Para que uma conexão ocorra é necessário que a máquina obtenha a resposta a pacotes syn enviados, caso ele seja bloqueado a resposta nunca será retornada e a conexão não será estabelecida.

iptables -A INPUT -p tcp --syn --dport 23 -i ppp+ -j DROP

A regra acima bloqueia (-j DROP) qualquer tentativa de conexão (--syn) vindas da interface ppp+ ao telnet (--dport 23) da máquina local, conexões já efetuadas ão são afetadas por esta regra. A opção --syn somente pode ser especificada para o protocolo tcp.

ATENÇÃO: - A situação de passagem de pacotes durante deve ser levada em conta durante a inicialização do firewall, bloqueando a passagem de pacotes durante o processo de configuração, criando regras que bloqueiam a passagem de pacotes (exceto para a interface loopback) até que a configuração do firewall esteja completa, pode ser uma solução eficiente.

Outra alternativa segura é configurar as regras de firewall antes das interfaces de rede se tornarem ativas (usando a opção "pre-up comando_firewall" no arquivo de configuração /etc/network/interfaces em sistemas Debian.

Especificando fragmentos

A opção "-f" (ou --fragment) permite especificar regras que confiram com fragmentos. Fragmentos são simplesmente um pacote maior dividido em pedaços para poder ser transmitido via rede TCP/IP para remontagem do pacote pela máquina de destino.

Somente o primeiro fragmento possui detalhes de cabeçalho para ser processado, os segundos e seguintes somente possuem alguns cabeçalhos necessários para dar continuidade ao processo de remontagem do pacote no destino.

Uma regra como

iptables -A INPUT -s 200.200.200.1 -f -j DROP

derrubará os fragmentos de 200.200.200.1 derrubará o segundo pacote e pacotes seguintes enviados por 200.200.200.1 até nós.

OBS1: Note que se o cabeçalho do pacote não tiver detalhes suficientes para checagem de regras no iptables, a regra simplesmente não ira conferir.

OBS2: Não é preciso especificar a opção "-f" para conexões NAT, pois os pacotes são remontados antes de entrarem no código de filtragem.

OBS3: A opção "-f" também pode ser usada para evitar o flood por fragmentos (bomba de fragmentos) que, dependendo da intensidade, podem até travar a máquina.

Especificando uma exceção

Muitos parâmetros (como o endereço de origem/destino, protocolo, porta, mensagens ICMP, fragmentos, etc) podem ser precedidos pelo sinal "!" que significa exceção. Por exemplo:

iptables -t filter -A INPUT ! -s 200.200.200.10 -j DROP

Diz para rejeitar todos os pacotes EXCETO os que vem do endereço 200.200.200.10.

iptables -A INPUT -p tcp ! --syn -s 200.200.200.10 ! -i eth0 -j DROP

Diz para bloquear todos os pacotes EXCETO os que iniciam conexões (! --syn), EXCETO para pacotes vindos pela interface eth0 (! -i eth0).

iptables -A INPUT -s 200.200.200.10 ! -p tcp -j DROP

Bloqueia todos os pacotes vindos de 200.200.200.10, EXCETO os do protocolo tcp.

Especificando um alvo

O alvo (-j) é o destino que um pacote terá quando conferir com as condições de uma regra, um alvo pode dizer para bloquear a passagem do pacote (-j DROP), aceitar a passagem do pacote (-j ACCEPT), registrar o pacote no sistema de log (-j LOG), rejeitar o pacote (-j REJECT), redirecionar um pacote -j REDIRECT, retornar ao chain anterior sem completar o processamento no chain atual (-j RETURN), passar para processamento de programas externos (-j QUEUE), fazer source nat (-j SNAT), destination nat (-j DNAT), etc. Podem existir mais alvos, pois o iptables é modularizável, e módulos que acrescentam mais funções podem ser carregados em adição aos já existentes no kernel.

Nos exemplos anteriores vimos o uso de diversos alvos como o DROP e o ACCEPT. Apenas farei uma breve referência sobre os alvos mais usados em operações comuns dos chains. Os alvos REDIRECT, SNAT e DNAT serão explicados em uma seção seguinte:

ACCEPT

O pacote é ACEITO e o processamento das regras daquele chains é concluído. Pode ser usado como alvo em todos os chains de todas as tabelas do iptables e também pode ser especificado na política padrão das regras do firewall (veja “Especificando a política padrão de um chain - P”).

DROP

Rejeita o pacote e o processamento das regras daquele chain é concluído. Pode ser usado como alvo em todos os chains de todas as tabelas do iptables e também pode ser especificado na política padrão das regras do firewall (veja “Especificando a política padrão de um chain - P”).

REJECT

Este é um módulo opcional que faz a mesma função do alvo DROP com a diferença de que uma mensagem ICMP do tipo "icmp-port-unreachable" (TCP/UDP) ou "host-unreachable" (ICMP) é retornada para a máquina de origem. Pode ser usado como alvo somente nos chains da tabela (não como política padrão).

LOG

Este módulo envia uma mensagem ao syslog caso a regra confira, o processamento continua normalmente para a próxima regra (o pacote não é nem considerado ACEITO ou REJEITADO).

RETURN

Retorna o processamento do chain anterior sem processar o resto do chain atual.

QUEUE

Passa o processamento para um programa a nível de usuário.

Alvo REJECT

Para ser usado, o módulo ipt_REJECT deve ser compilado no kernel ou como módulo. Este alvo rejeita o pacote (como o DROP) e envia uma mensagem ICMP do tipo "icmp-port-unreachable" como padrão para a máquina de origem.

É um alvo interessante para bloqueio de portas TCP, pois em alguns casos da a impressão que a máquina não dispõe de um sistema de firewall (o alvo DROP causa uma parada de muito tempo em alguns portscanners e tentativas de conexão de serviços, revelando imediatamente o uso de um sistema de firewall pela máquina). O alvo REJECT vem dos tempos do ipchains e somente pode ser usado na tabela filter. Quando um pacote confere, ele é rejeitado com a mensagem ICMP do tipo "port unreachable", é possível especificar outro tipo de mensagem ICMP com a opção --reject-with tipo_icmp.

OBS: REJECT pode ser usado somente como alvo na tabela filter e não é possível especifica-lo como política padrão do chain filter (como acontecia no ipchains. Uma forma alternativa é inserir como última regra uma que pegue todos os pacotes restantes daquele chain e tenha como alvo REJECT (como iptables -A INPUT -j REJECT), desta forma ele nunca atingirá a política padrão do chain.

# Rejeita pacotes vindos de 200.200.200.1 pela interface ppp0: 
iptables -A INPUT -s 200.200.200.1 -i ppp+ -j REJECT

Especificando LOG como alvo

Este alvo é usado para registrar a passagem de pacotes no syslog do sistema. É um alvo muito interessante para ser usado para regras que bloqueiam determinados tráfegos no sistema (para que o administrador tome conhecimento sobre tais tentativas), para regras de fim de chain (quando você tem um grande conjunto de regras em um firewall restritivo e não sabe onde suas regras estão sendo bloqueadas), para satisfazer sua curiosidade, etc.

# Para registrar o bloqueio de pacotes vindos de 200.200.200.1 pela interface ppp0
iptables -A INPUT -s 200.200.200.1 -i ppp+ -j LOG
# Para efetuar o bloqueio
iptables -A INPUT -s 200.200.200.1 -i ppp+ -j REJECT

Note que no exemplo anterior a regra que registra o pacote (-j LOG) deve aparecer antes da regra que REJEITA (-j REJECT), caso contrário a regra de LOG nunca funcionará. A regra que REJEITA poderia também ser trocada por uma regra que ACEITA, caso queira registrar um pacote que deve ser aceito (se a política padrão do seu firewall for restritiva (-P DROP). A única coisa que muda nas regras de log é o alvo da regra, isto facilita a implementação de grandes conjuntos de regras de firewall.

A regra acima mostrará a seguinte saída no syslog do sistema:

Aug 25 10:08:01 debian kernel: IN=ppp0 OUT= MAC=10:20:30:40:50:60:70:80:90:00:00:00:08:00 SRC=200.200.200.1 DST=200.210.10.10 LEN=61 TOS=0x00 PREC=0x00 TTL=64 ID=0 DF PROTO=UDP SPT=1031 DPT=53 LEN=41

Os campos possuem o seguinte significado:

Aug 25 10:08:01

Mês, dia e hora do registro do pacote.

debian

Nome do computador que registrou o pacote.

kernel:

Daemon que registrou a mensagem, no caso o iptables faz parte do próprio kernel.

IN=ppp0

Especifica a interface de entrada (de onde o pacote veio).

OUT=

Especifica a interface de saída (para onde o pacote foi).

MAC=10:20:30:40:50:60:70:80:90:00:00:00:08:00

Endereço mac da interface de rede (pode ser obtido com arp interface).

SRC=200.200.200.1

Endereço de origem do pacote.

DST=200.210.10.10

Endereço de destino do pacote.

SEQ=234234343

Número de seqüência da recepção. É ativado com a opção --log-tcp-sequence.

LEN=61

Tamanho em bytes do pacote IP.

TOS=0x00

Prioridade do cabeçalho TOS (Tipo). Veja a seção “Especificando o tipo de serviço” para mais detalhes.

PREC=0x00

Prioridade do cabeçalho TOS (Precedência). Veja a seção “Especificando o tipo de serviço” para mais detalhes.

TTL=64

Tempo de vida do pacote. No exemplo, 64 roteadores (hops).

ID=0

Identificação única destes datagrama. Esta identificação também é usada pelos fragmentos seguintes deste pacote.

DF

Opção "Don't fragment" (não fragmentar) do pacote. Usada quando o pacote é pequeno o bastante para não precisar ser fragmentado.

MF

Opção "More Fragments" (mais fragmentos) estão para ser recebidos.

FRAG=100

Tamanho do fragmento especificado em pacotes de 8 bits. No exemplo acima, o pacote tem o tamanho de 800 bytes (100*8).

PROTO=UDP

Nome do protocolo. Pode ser TCP, UDP ou ICMP

SPT=1031

Porta de origem da requisição.

DPT=53

Porta de destino da requisição.

LEN=41

Tamanho do pacote.

O log acima mostra uma consulta DNS (porta destino 53) para nossa máquina (INPUT) de 200.200.200.1 para 200.210.10.10.

O problema é que em um grande número de regras será difícil saber qual regra conferiu (pois teríamos que analisar o endereço/porta origem/destino) e o destino do pacote (se ele foi ACEITO ou BLOQUEADO) pois você pode ter regras para ambas as situações. Por este motivo existem algumas opções úteis que podemos usar com o alvo LOG:

--log-prefix "descrição"

Permite especificar uma descrição para a regra do firewall de até 29 caracteres. Caso tiver espaços, devem ser usadas "aspas".

--log-level nível

Especifica o nível da mensagem no syslog. Veja os níveis na seção “Arquivo de configuração rsyslog.conf do guia.

--log-tcp-options

Registra campos do cabeçalho TCP nos logs do sistema.

--log-ip-options

Registra campos do cabeçalho IP nos logs do sistema

--log-tcp-sequence

Registra os números de seqüencia TCP. Evite ao máximo o uso desta opção, pois a seqüencia de números TCP pode ser a chave para um seqüestro de seção ou IP spoofing em seu sistema caso algum usuário tenha acesso a estes logs. Caso utilize tcp/ip em servidores públicos, o uso desta opção ajudará a entender bem os ataques DoS causados por syn-flood e porque ativar os SynCookies (veja “Proteção contra syn flood”).

OBS1:Lembre-se que estas opções são referentes ao alvo LOG e devem ser usadas após este, caso contrário você terá um pouco de trabalho para analisar e consertar erros em suas regras do firewall.

OBS2:Caso esteja usando o firewall em um servidor público, recomendo associar um limite a regra de log, pois um ataque poderia causar um DoS enchendo sua partição. Leia mais sobre isso em “Limitando o número de vezes que a regra confere”.

# Complementando o exemplo anterior:
# Para registrar o bloqueio de pacotes vindos de 200.200.200.1 pela interface ppp0
iptables -A INPUT -s 200.200.200.1 -i ppp+ -j LOG --log-prefix "FIREWALL: Derrubado "
# Para efetuar o bloqueio
iptables -A INPUT -s 200.200.200.1 -i ppp+ -j REJECT

Retornará a seguinte mensagem no syslog:

Aug 25 10:08:01 debian kernel: FIREWALL: Derrubado IN=ppp0 OUT= MAC=10:20:30:40:50:60:70:80:90:00:00:00:08:00 SRC=200.200.200.1 DST=200.210.10.10 LEN=61 TOS=0x00 PREC=0x00 TTL=64 ID=0 DF PROTO=UDP SPT=1031 DPT=53 LEN=41

Agora você sabe o que aconteceu com o pacote (Rejeitado). A padronização de mensagens de firewall é também importante para a criação de scripts de análise que poderão fazer a análise dos logs do seu firewall (para criação de estatísticas que podem servir como base para a criação de novas regras de firewall ou eliminação de outras).

OBS: Se você sente falta da função "-l" do ipchains que combina o alvo e log na mesma regra você pode criar um alvo como o seguinte:

iptables -N log-drop
iptables -A log-drop -j LOG
iptables -A log-drop -j DROP

E usar "log-drop" como alvo em suas regras. Mesmo assim esta solução é "limitada" em relação a "-l" do ipchains porque o iptables não inclui detalhes de qual chain bloqueou o pacote/qual pacote foi bloqueado, assim é necessário a especificação da opção --log-prefix para as mensagens se tornarem mais compreensíveis. Esta limitação pode ser contornada utilizando um firewall feito em linguagem shell script, desta forma você terá um controle maior sobre o seu programa usando funções e integração com outros utilitários.

Especificando RETURN como alvo

O alvo RETURN diz ao iptables interromper o processamento no chain atual e retornar o processamento ao chain anterior. Ele é útil quando criamos um chain que faz um determinado tratamento de pacotes, por exemplo bloquear conexões vindas da internet para portas baixas, exceto para um endereço IP específico. Como segue:

1-) iptables -t filter -A INPUT -i ppp0 -j internet
2-) iptables -t filter -j ACCEPT
3-) iptables -t filter -N internet
4-) iptables -t filter -A internet -s www.debian.org -p tcp --dport 80 -j RETURN
5-) iptables -t filter -A internet -p tcp --dport 21 -j DROP
6-) iptables -t filter -A internet -p tcp --dport 23 -j DROP
7-) iptables -t filter -A internet -p tcp --dport 25 -j DROP
8-) iptables -t filter -A internet -p tcp --dport 80 -j DROP

Quando um pacote com o endereço www.debian.org tentando acessar a porta www (80) de nossa máquina através da internet (via interface ppp0), o chain número 1 confere, então o processamento continua no chain número 4, o chain número 4 confere então o processamento volta para a regra número 2, que diz para aceitar o pacote.

Agora se um pacote vem com o endereço www.dominio.com.br tentando acessar a porta www *80) de nossa máquina através da internet (via interface ppp0), o chain número 1 confere, então o processamento continua no chain número 4, que não confere. O mesmo acontece com os chains 5, 6 e 7. O chain número 8 confere, então o acesso é bloqueado.

Como pode notou, o alvo RETURN facilita bastante a construção das regras do seu firewall, caso existam máquinas/redes que sejam exceções as suas regras. Se ela não existisse, seria necessário especificar diversas opções -s, -d, etc para poder garantir o acesso livre a determinadas máquinas.

Salvando e Restaurando regras

As regras que você está trabalhosamente criando e testando manualmente enquanto manipula o iptables podem ser salvas de 2 formas; uma delas é escrevendo um shell script que tenha todos os comandos, um por linha. Isto é recomendado quando tem um firewall grande e que exige uma boa padronização de regras, bem como sua leitura, comentários. O script shell também permite o uso de funções presente no interpretador de comando, portanto se você é uma pessoa que gosta de interagir com as funções do shell e deixar as coisas mais flexíveis, prefira esta opção.

A outra forma é usando as ferramentas iptables-save e iptables-restore baseada na idéia do ipchains-save e ipchains-restore. O iptables-save deve ser usado sempre que modificar regras no firewall iptables da seguinte forma:

iptables-save >/dir/iptables-regras

Uma das vantagens do uso do iptables-save é ele também salvar os contadores de chains, ou seja, a quantidade de pacotes que conferiram com a regra. Isto também pode ser feito com algumas regras adicionais em seu shell script, caso tenha interesse nesses contadores para estatísticas ou outros tipos de relatórios.

Para restaurar as regras salvas, utilize o comando:

iptables-restore </dir/iptables-regras