Recompilando o Kernel

Será que vou precisar recompilar o meu kernel? você deve estar se perguntando agora. Abaixo alguns motivos para esclarecer suas dúvidas:

Serão necessários uns 300Mb de espaço em disco disponível para copiar e descompactar o código fonte do kernel e alguns pacotes de desenvolvimento como o gcc, cpp, binutils, gcc-i386-gnu, bin86, make, dpkg-dev, perl, kernel-package (os três últimos somente para a distribuição Debian).

Na distribuição Debian, o melhor método é através do kernel-package que faz tudo para você (menos escolher o que terá o não o suporte no kernel) e gera um pacote .deb que poderá ser usado para instalar o kernel em seu sistema ou em qualquer outro que execute a Debian ou distribuições baseadas (Ubuntu, etc). Devido a sua facilidade, a compilação do kernel através do kernel-package é muito recomendado para usuários iniciantes e para aqueles que usam somente um kernel no sistema (é possível usar mais de dois ao mesmo tempo, veja o processo de compilação manual adiante neste capítulo). Siga este passos para recompilar seu kernel através do kernel-package:

  1. Descompacte o código fonte do kernel (através do arquivo linux-2.6.XX.XX.tar.bz2) para o diretório /usr/src. Caso use os pacotes da Debian eles terão o nome de kernel-source-2.6.XX.XX, para detalhes de como instalar um pacote, veja “Instalar pacotes”.

  2. Após isto, entre no diretório onde o código fonte do kernel foi instalado com cd /usr/src/linux (este será assumido o lugar onde o código fonte do kernel se encontra).

  3. Como usuário root, digite make config. Você também pode usar make menuconfig (configuração através de menus) ou make xconfig (configuração em modo gráfico) mas precisará de pacotes adicionais para que estes dois funcionem corretamente.

    Serão feitas perguntas sobre se deseja suporte a tal dispositivo, etc. Pressione Y para incluir o suporte diretamente no kernel, M para incluir o suporte como módulo ou N para não incluir o suporte. Note que nem todos os drivers podem ser compilados como módulos.

    Escolha as opções que se encaixam em seu sistema. se estiver em dúvida sobre a pergunta digite ? e tecle Enter para ter uma explicação sobre o que aquela opção faz. Se não souber do que se trata, recomendo incluir a opção (pressionando Y ou M. Este passo pode levar entre 5 minutos e 1 Hora (usuários que estão fazendo isto pela primeira vez tendem a levar mais tempo lendo e conhecendo os recursos que o GNU/Linux possui, antes de tomar qualquer decisão). Não se preocupe se esquecer de incluir o suporte a alguma coisa, você pode repetir o passo make config (todas as suas escolhas são gravadas no arquivo .config), recompilar o kernel e instalar em cima do antigo a qualquer hora que quiser.

  4. Após o make config chegar ao final, digite make-kpkg clean para limpar construções anteriores do kernel.

  5. Agora compile o kernel digitando make-kpkg --revision=teste.1.0 kernel-image. A palavra teste pode ser substituída por qualquer outra que você quiser e número da versão 1.0 serve apenas como controle de suas compilações (pode ser qualquer número).

    Observação: Não inclua hífens (-) no parâmetro --revision, use somente pontos.

  6. Agora após compilar, o kernel será gravado no diretório superior (..) com um nome do tipo linux-image-2.6.23.6-i386_teste.1.0.deb. Basta você digitar dpkg -i kernel-image-2.6.23.6-i386_teste.1.0.deb e o dpkg fará o resto da instalação do kernel para você e perguntará se deseja criar um disquete de inicialização (recomendável).

  7. Reinicie seu computador, seu novo kernel iniciará e você já perceberá a primeira diferença pela velocidade que o GNU/Linux é iniciado (você inclui somente suporte a dispositivos em seu sistema). O desempenho dos programas também melhorará pois cortou o suporte a dispositivos/funções que seu computador não precisa.

    Caso alguma coisa sair errada, coloque o disquete que gravou no passo anterior e reinicie o computador para fazer as correções.

Para recompilar o kernel usando o método manual, siga os seguintes passos:

  1. Descompacte o código fonte do kernel (através do arquivo linux-2.6.XX.XX.tar.bz2) para o diretório /usr/src. O código fonte do kernel pode ser encontrado em ftp://ftp.kernel.org/.

  2. Após isto, entre no diretório onde o código fonte do kernel foi instalado com cd /usr/src/linux (este será assumido o lugar onde o código fonte do kernel se encontra).

  3. Como usuário root, digite make config. Você também pode usar make menuconfig (configuração através de menus) ou make xconfig (configuração em modo gráfico) mas precisará de pacotes adicionais.

    Serão feitas perguntas sobre se deseja suporte a tal dispositivo, etc. Pressione Y para incluir o suporte diretamente no kernel, M para incluir o suporte como módulo ou N para não incluir o suporte. Note que nem todos os drivers podem ser compilados como módulos.

    Escolha as opções que se encaixam em seu sistema. se estiver em dúvida sobre a pergunta digite ? e tecle Enter para ter uma explicação sobre o que aquela opção faz. Se não souber do que se trata, recomendo incluir a opção (pressionando Y ou M. Este passo pode levar entre 5 minutos e 1 Hora (usuários que estão fazendo isto pela primeira vez tendem a levar mais tempo lendo e conhecendo os recursos que o GNU/Linux possui antes de tomar qualquer decisão). Não se preocupe se esquecer de incluir o suporte a alguma coisa, você pode repetir o passo make config, recompilar o kernel e instalar em cima do antigo a qualquer hora que quiser.

  4. Caso esteja compilando um kernel 2.4 ou inferior, Digite o comando make dep para verificar as dependências dos módulos. Se estiver compilando um kernel 2.6 ou superior, pule esse comando.

  5. Digite o comando make clean para limpar construções anteriores do kernel.

  6. Digite o comando make para iniciar a compilação do kernel e seus módulos. Aguarde a compilação, o tempo pode variar dependendo da quantidade de recursos que adicionou ao kernel, a velocidade de seu computador e a quantidade de memória RAM disponível.

    Caso tenha acrescentado muitos ítens no Kernel, é possível que o comando make zImage falhe no final (especialmente se o tamanho do kernel estático for maior que 505Kb). Neste caso use make bzImage. A diferença entre zImage e bzImage é que o primeiro possui um limite de tamanho porque é descompactado na memória básica (recomendado para alguns Notebooks), já a bzImage, é descompactada na memória estendida e não possui as limitações da zImage.

  7. A compilação neste ponto está completa, você agora tem duas opções para instalar o kernel: Substituir o kernel anterior pelo recém compilado ou usar os dois. A segunda questão é recomendável se você não tem certeza se o kernel funcionará corretamente e deseja iniciar pelo antigo no caso de alguma coisa dar errado.

    Se você optar por substituir o kernel anterior:

    1. É recomendável renomear o diretório /lib/modules/versão_do_kernel para /lib/modules/versão_do_kernel.old, isto será útil para restauração completa dos módulos antigos caso alguma coisa der errado.

    2. Execute o comando make modules_install para instalar os módulos do kernel recém compilado em /lib/modules/versão_do_kernel.

    3. Copie o arquivo zImage que contém o kernel de /usr/src/linux/arch/i386/boot/zImage para /boot/vmlinuz-2.XX.XX (2.XX.XX é a versão do kernel anterior)

    4. Verifique se o link simbólico /vmlinuz aponta para a versão do kernel que compilou atualmente (com ls -la /). Caso contrário, apague o arquivo /vmlinuz do diretório raíz e crie um novo link com ln -s /boot/vmlinuz-2.XX.Xx /vmlinuz apontando para o kernel correto.

    5. Execute o comando lilo para gerar um novo setor de partida no disco rígido. Para detalhes veja “LILO”.

    6. Reinicie o sistema (shutdown -r now).

    7. Caso tudo esteja funcionando normalmente, apague o diretório antigo de módulos que salvou e o kernel antigo de /boot. Caso algo tenha dado errado e seu sistema não inicializa, inicie a partir de um disquete, apague o novo kernel, apague os novos módulos, renomeie o diretório de módulos antigos para o nome original, ajuste o link simbólico /vmlinuz para apontar para o antigo kernel e execute o lilo. Após reiniciar seu computador voltará como estava antes.

    Se você optar por manter o kernel anterior e selecionar qual será usado na partida do sistema (útil para um kernel em testes):

    1. Execute o comando make modules_install para instalar os módulos recém compilados do kernel em /lib/modules/versao_do_kernel.

    2. Copie o arquivo zImage que contém o kernel de /usr/src/linux/arch/i386/boot/zImage para /boot/vmlinuz-2.XX.XX (2.XX.XX é a versão do kernel anterior)

    3. Crie um link simbólico no diretório raíz (/) apontando para o novo kernel. Como exemplos será usado /vmlinuz-novo.

    4. Modifique o arquivo /etc/lilo.conf para incluir a nova imagem de kernel. Por exemplo:

      Antes da modificação:
      
      boot=/dev/hda
      prompt
      timeout=200
      delay=200
      map=/boot/map
      install=menu
      
      image = /vmlinuz
        root = /dev/hda1
        label = 1
        read-only
      
      Depois da modificação:
      
      boot=/dev/hda
      prompt
      timeout=200
      delay=200
      map=/boot/map
      install=menu
      
      image = /vmlinuz
        root = /dev/hda1
        label = 1
        read-only
      
      image = /vmlinuz-new
        root = /dev/hda1
        label = 2
        read-only
      

      Se você digitar 1 no aviso de boot: do Lilo, o kernel antigo será carregado, caso digitar 2 o novo kernel será carregado. Para detalhes veja “Criando o arquivo de configuração do LILO” e “Um exemplo do arquivo de configuração lilo.conf”.

    5. Execute o comando lilo para gravar o novo setor de boot para o disco rígido.

    6. Reinicie o computador

    7. Carregue o novo kernel escolhendo a opção 2 no aviso de boot: do Lilo. Caso tiver problemas, escolha a opção 1 para iniciar com o kernel antigo e verifique os passos de configuração (o arquivo lilo.conf foi modificado corretamente?.

Em alguns casos (como nos kernels empacotados em distribuições GNU/Linux) o código fonte do kernel é gravado em um diretório chamado kernel-source-xx.xx.xx. É recomendável fazer um link com um diretório GNU/Linux, pois é o padrão usado pelas atualização do código fonte através de patches (veja “Aplicando Patches no kernel”).

Para criar o link simbólico, entre em /usr/src e digite: ln -s kernel-source-xx.xx.xx linux.

Se quiser mais detalhes sobre a compilação do kernel, consulte o documento kernel-howto.