Será que vou precisar recompilar o meu kernel? você deve estar se perguntando agora. Abaixo alguns motivos para esclarecer suas dúvidas:
Melhora o desempenho do kernel. O kernel padrão que acompanha as distribuições GNU/Linux foi feito para funcionar em qualquer tipo de sistema e garantir seu funcionamento e inclui suporte a praticamente tudo. Isto pode gerar desde instabilidade até uma grade pausa do kernel na inicialização quando estiver procurando pelos dispositivos que simplesmente não existem em seu computador!
A compilação permite escolher somente o suporte aos dispositivos existentes em seu computador e assim diminuir o tamanho do kernel, desocupar a memória RAM com dispositivos que nunca usará e assim você terá um desempenho bem melhor do que teria com um kernel pesado.
Incluir suporte a alguns hardwares que estão desativados no kernel padrão (SMP, APM, ACPI, Virtualização, Firewall, Bridge, memory cards, drivers experimentais, etc).
Se aventurar em compilar um kernel (sistema operacional) personalizado em seu sistema.
Tornar seu sistema mais seguro
Impressionar os seus amigos, tentando coisas novas.
Serão necessários uns 300Mb de espaço em disco disponível para copiar e descompactar o código fonte do kernel e alguns pacotes de desenvolvimento como o gcc, cpp, binutils, gcc-i386-gnu, bin86, make, dpkg-dev, perl, kernel-package (os três últimos somente para a distribuição Debian).
Na distribuição Debian, o melhor método é através do
kernel-package que faz tudo para você (menos escolher o que
terá o não o suporte no kernel) e gera um pacote .deb que
poderá ser usado para instalar o kernel em seu sistema ou em qualquer outro que
execute a Debian ou distribuições baseadas
(Ubuntu, etc). Devido a sua facilidade, a compilação do
kernel através do kernel-package
é muito recomendado para
usuários iniciantes e para aqueles que usam somente um kernel no sistema (é
possível usar mais de dois ao mesmo tempo, veja o processo de compilação manual
adiante neste capítulo). Siga este passos para recompilar seu kernel através
do kernel-package
:
Descompacte o código fonte do kernel (através do arquivo
linux-2.6.XX.XX.tar.bz2) para o diretório /usr/src
. Caso
use os pacotes da Debian eles terão o nome de
kernel-source-2.6.XX.XX
, para detalhes de como instalar um
pacote, veja “Instalar pacotes”.
Após isto, entre no diretório onde o código fonte do kernel foi instalado com
cd /usr/src/linux
(este será assumido o lugar onde o código
fonte do kernel se encontra).
Como usuário root
, digite make config
.
Você também pode usar make menuconfig
(configuração através
de menus) ou make xconfig
(configuração em modo gráfico) mas
precisará de pacotes adicionais para que estes dois funcionem corretamente.
Serão feitas perguntas sobre se deseja suporte a tal dispositivo, etc.
Pressione Y
para incluir o suporte diretamente no kernel,
M
para incluir o suporte como módulo ou N
para não incluir o suporte. Note que nem todos os drivers podem ser compilados
como módulos.
Escolha as opções que se encaixam em seu sistema. se estiver em dúvida sobre a
pergunta digite ?
e tecle Enter para ter uma explicação
sobre o que aquela opção faz. Se não souber do que se trata, recomendo incluir
a opção (pressionando Y
ou M
. Este passo
pode levar entre 5 minutos e 1 Hora (usuários que estão fazendo isto pela
primeira vez tendem a levar mais tempo lendo e conhecendo os recursos que o
GNU/Linux possui, antes de tomar qualquer decisão). Não se
preocupe se esquecer de incluir o suporte a alguma coisa, você pode repetir o
passo make config
(todas as suas escolhas são gravadas no
arquivo .config
), recompilar o kernel e instalar em cima
do antigo a qualquer hora que quiser.
Após o make config
chegar ao final, digite
make-kpkg clean
para limpar construções anteriores do
kernel.
Agora compile o kernel digitando make-kpkg --revision=teste.1.0
kernel-image
. A palavra teste
pode ser
substituída por qualquer outra que você quiser e número da versão
1.0
serve apenas como controle de suas compilações (pode ser
qualquer número).
Observação: Não inclua hífens (-
) no parâmetro --revision,
use somente pontos.
Agora após compilar, o kernel será gravado no diretório superior (..) com um
nome do tipo linux-image-2.6.23.6-i386_teste.1.0.deb
. Basta
você digitar dpkg -i
kernel-image-2.6.23.6-i386_teste.1.0.deb
e o dpkg
fará o resto da instalação do kernel para você e perguntará se deseja criar um
disquete de inicialização (recomendável).
Reinicie seu computador, seu novo kernel iniciará e você já perceberá a primeira diferença pela velocidade que o GNU/Linux é iniciado (você inclui somente suporte a dispositivos em seu sistema). O desempenho dos programas também melhorará pois cortou o suporte a dispositivos/funções que seu computador não precisa.
Caso alguma coisa sair errada, coloque o disquete que gravou no passo anterior e reinicie o computador para fazer as correções.
Para recompilar o kernel usando o método manual, siga os seguintes passos:
Descompacte o código fonte do kernel (através do arquivo
linux-2.6.XX.XX.tar.bz2) para o diretório /usr/src
. O
código fonte do kernel pode ser encontrado em ftp://ftp.kernel.org/.
Após isto, entre no diretório onde o código fonte do kernel foi instalado com
cd /usr/src/linux
(este será assumido o lugar onde o código
fonte do kernel se encontra).
Como usuário root
, digite make config
.
Você também pode usar make menuconfig
(configuração através
de menus) ou make xconfig
(configuração em modo gráfico) mas
precisará de pacotes adicionais.
Serão feitas perguntas sobre se deseja suporte a tal dispositivo, etc.
Pressione Y
para incluir o suporte diretamente no kernel,
M
para incluir o suporte como módulo ou N
para não incluir o suporte. Note que nem todos os drivers podem ser compilados
como módulos.
Escolha as opções que se encaixam em seu sistema. se estiver em dúvida sobre a
pergunta digite ?
e tecle Enter para ter uma explicação
sobre o que aquela opção faz. Se não souber do que se trata, recomendo incluir
a opção (pressionando Y
ou M
. Este passo
pode levar entre 5 minutos e 1 Hora (usuários que estão fazendo isto pela
primeira vez tendem a levar mais tempo lendo e conhecendo os recursos que o
GNU/Linux possui antes de tomar qualquer decisão). Não se
preocupe se esquecer de incluir o suporte a alguma coisa, você pode repetir o
passo make config
, recompilar o kernel e instalar em cima do
antigo a qualquer hora que quiser.
Caso esteja compilando um kernel 2.4 ou inferior, Digite o comando
make dep
para verificar as dependências dos módulos. Se
estiver compilando um kernel 2.6 ou superior, pule esse comando.
Digite o comando make clean
para limpar construções
anteriores do kernel.
Digite o comando make
para iniciar a compilação do kernel e
seus módulos. Aguarde a compilação, o tempo pode variar dependendo da
quantidade de recursos que adicionou ao kernel, a velocidade de seu computador
e a quantidade de memória RAM disponível.
Caso tenha acrescentado muitos ítens no Kernel, é possível que o comando
make zImage
falhe no final (especialmente se o tamanho do
kernel estático for maior que 505Kb). Neste caso use make
bzImage
. A diferença entre zImage e
bzImage é que o primeiro possui um limite de tamanho
porque é descompactado na memória básica (recomendado para alguns Notebooks),
já a bzImage, é descompactada na memória estendida e não
possui as limitações da zImage.
A compilação neste ponto está completa, você agora tem duas opções para instalar o kernel: Substituir o kernel anterior pelo recém compilado ou usar os dois. A segunda questão é recomendável se você não tem certeza se o kernel funcionará corretamente e deseja iniciar pelo antigo no caso de alguma coisa dar errado.
Se você optar por substituir o kernel anterior:
É recomendável renomear o diretório
/lib/modules/versão_do_kernel
para
/lib/modules/versão_do_kernel.old
, isto será útil para
restauração completa dos módulos antigos caso alguma coisa der errado.
Execute o comando make modules_install
para instalar os
módulos do kernel recém compilado em
/lib/modules/versão_do_kernel
.
Copie o arquivo zImage
que contém o kernel de
/usr/src/linux/arch/i386/boot/zImage
para
/boot/vmlinuz-2.XX.XX
(2.XX.XX é a
versão do kernel anterior)
Verifique se o link simbólico /vmlinuz
aponta para a
versão do kernel que compilou atualmente (com ls -la /
).
Caso contrário, apague o arquivo /vmlinuz
do diretório
raíz e crie um novo link com ln -s /boot/vmlinuz-2.XX.Xx
/vmlinuz
apontando para o kernel correto.
Execute o comando lilo
para gerar um novo setor de partida
no disco rígido. Para detalhes veja “LILO”.
Reinicie o sistema (shutdown -r now
).
Caso tudo esteja funcionando normalmente, apague o diretório antigo de módulos
que salvou e o kernel antigo de /boot
. Caso algo tenha
dado errado e seu sistema não inicializa, inicie a partir de um disquete,
apague o novo kernel, apague os novos módulos, renomeie o diretório de módulos
antigos para o nome original, ajuste o link simbólico
/vmlinuz
para apontar para o antigo kernel e execute o
lilo
. Após reiniciar seu computador voltará como estava
antes.
Se você optar por manter o kernel anterior e selecionar qual será usado na partida do sistema (útil para um kernel em testes):
Execute o comando make modules_install
para instalar os
módulos recém compilados do kernel em
/lib/modules/versao_do_kernel
.
Copie o arquivo zImage
que contém o kernel de
/usr/src/linux/arch/i386/boot/zImage
para
/boot/vmlinuz-2.XX.XX
(2.XX.XX é a
versão do kernel anterior)
Crie um link simbólico no diretório raíz (/
) apontando
para o novo kernel. Como exemplos será usado
/vmlinuz-novo
.
Modifique o arquivo /etc/lilo.conf
para incluir a nova
imagem de kernel. Por exemplo:
Antes da modificação: boot=/dev/hda prompt timeout=200 delay=200 map=/boot/map install=menu image = /vmlinuz root = /dev/hda1 label = 1 read-only Depois da modificação: boot=/dev/hda prompt timeout=200 delay=200 map=/boot/map install=menu image = /vmlinuz root = /dev/hda1 label = 1 read-only image = /vmlinuz-new root = /dev/hda1 label = 2 read-only
Se você digitar 1
no aviso de boot:
do
Lilo, o kernel antigo será carregado, caso digitar
2
o novo kernel será carregado. Para detalhes veja “Criando o arquivo de configuração do LILO” e “Um exemplo do arquivo de configuração lilo.conf”.
Execute o comando lilo
para gravar o novo setor de boot para
o disco rígido.
Reinicie o computador
Carregue o novo kernel escolhendo a opção 2
no aviso de
boot:
do Lilo. Caso tiver problemas,
escolha a opção 1
para iniciar com o kernel antigo e
verifique os passos de configuração (o arquivo lilo.conf
foi modificado corretamente?.
Em alguns casos (como nos kernels empacotados em distribuições
GNU/Linux) o código fonte do kernel é gravado em um
diretório chamado kernel-source-xx.xx.xx
. É recomendável
fazer um link com um diretório GNU/Linux
, pois é o padrão
usado pelas atualização do código fonte através de patches (veja “Aplicando Patches no kernel”).
Para criar o link simbólico, entre em /usr/src
e digite:
ln -s kernel-source-xx.xx.xx linux
.
Se quiser mais detalhes sobre a compilação do kernel, consulte o documento kernel-howto.
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